𝙱𝙰𝙸𝚇𝙾 𝚂𝚄𝙻: 𝚊𝚝𝚎𝚗𝚝𝚘 𝚎 𝚏𝚘𝚛𝚝𝚎
Ao chegar em um local novo os pés pisam com leveza,
os olhos miram para todas as direções,
experienciar o nunca antes foi visto é delicioso e desafiador,
mas devo ter cautela!
αgô
001 _ Não há fuga!
Certo dia ouvi de Cristal, uma museóloga em formação, que ao conversar
com uma mais velha de Cachoeira sobre projeções e performances
num futuro onde a Barragem da Pedra do Cavalo rompesse,
a mesma lhe disse:
"Se a barragem romper, eu seguirei com o rio!"
Qual o futuro de uma espécie que destrói a si e ao seu habitat?
O RIO É.
e sempre há de ser
E o interior de seu estado tem muito a ensinar
Falta comunicação intermunicipal
Falta comprometimento
Falta investimento
Falta
sob as ondas do meu mar
no movimento de idas e vindas
influenciada pela lua
aqui, eu, nua e crua
lembrando dela...
Como o barro que molhado se molda
ou é moldado, por mãos imperfeitas
com feitos de quem pouco sabe que sabe
o destino e o início, quem cuida e é cuidado
como barro moldado que prende e deixa ir...
devo tudo
às águas doces
o que bebo
o que como
por onde ando
como ando
é para quem
eu retorno
esteja comigo
Ó mãe minha
peço mel na minha boca
e astúcia nos meus passos
e te agradeço
006 _ Caminho
Ó pai, temo em pedir sua justiça
Temo por uma espécie que destrói
Espécie essa que por ventura é a minha
Não me vejo destruindo quem me faz viver,
mas destruo, junto à espécie
Destruir para acumular riquezas
Destruir para acumular escassez
Destruir para acumular mortes
Talvez seja esse o caminho
Destruir para acumular matéria orgânica
Talvez esse seja o fim da espécie
Especializada em destruir
E quem sabe ao destruir
a natureza volte a construir
Como o barro que transmuta
Como o oleiro que transforma
Justo, como tem que ser...
007 _ AZD
A exposição virtual "Baixo Sul: atento e forte" surge através de uma aula de campo em Maragogipinho, distrito do município de Aratuípe/BA, para a disciplina FCH G87 - Seminários Temáticos IV, ministrada em 2023.2, pelo Professor Dr. José Cláudio Alves, com uma turma de 22 discentes.
A exposição é nomeada com o território de identidade da região e seu subtítulo faz referência a canção de Gal Costa "Divino, maravilhoso" provocando o usuário a um imaginário de prospecção de um espaço maragogipense fugindo das cerâmicas como questão fundante para a construção de identidade, muitas vezes reducionista e estereotipada.
Enquanto uma estudante, pesquisadora e bacharel em Museologia em formação que nasceu em uma periferia da capital de Salvador, urge o cuidado de não tratar um território interiorano como um zoológico humano/cultural, logo a ida à um território novo com esse olhar que me forma enquanto um ser que habita um corpo específico no mundo se mostrou cauteloso mas ao mesmo tempo criativo, a atenção se voltou: a licença que eu pedi, ao ar que inspirei, a terra que pisei, a água que senti e as relações que eu construí enquanto criava.
Para a composição das obras, estas apenas em suporte fotográfico, foram pensados os tons de azul, sobretudo, mas também branco, vermelho e marrom. Com base na simbologia das cores a tonalidade azul emite tranquilidade, força e segurança, uma Maragogipinho atenta e forte se traduz em sua cultura pesqueira, em sua cultura ceramista e em sua cultura de receber curiosos/visitantes/possíveis compradores, afinal, para mim, se tornou impossível olhar para uma peça de argila em cerâmica e não me lembrar de outro ser no qual condiciono o meu afeto.
E por trazer tanto afeto do território as imagens se intercalam com poesias autorais pensadas a partir de cada mobigrafia (registro fotográfico por meio de um aparelho móvel), estas também autorais, construídas durante a experiência de viver o território, mesmo que por algumas horas... Portanto, urge a necessidade de pensar qual devolutiva, nós, enquanto turma, podemos construir para o território que nos recebeu de forma acolhedora, o Baixo Sul, para ser mais específica.
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ANDRESSA LIMA BATISTA
abatistandressa@gmail.com
Produtora e agente cultural. Graduanda e pesquisadora em Museologia pela Universidade Federal da Bahia, tendo como eixo as temáticas: cidade, memória, cultura e cinema. Experiência profissional em Mediação Cultural e Documentação Museológica. Crítica cinematográfica no Club do Filme. Relatora Crítica. Arte-educadora. Membro da Rede Museologia Kilombola, da Rede de Educadores em Museus da Bahia, do Coletivo Pretas na Cena e do Coletivo Pixa Mina. Produtora cultural, social media, atriz e voluntária da TV Pelourinho. Produtora e roteirista do projeto Mulheres Lembradas por Salvador pelo Prêmio Riachão. Educadora popular pela Rede Emancipa. Produtora cultural da cobertura do São João do Centro Histórico pela TV Pelourinho. Produtora do I° Sarau Pretas na Cena e do Iº Slam Pretas na Cena no Centro Cultural Solar Ferrão.
Trouxe uma poética aproximada a Chagas. Mas mostrou o dom da pesquisa na área.
ResponderEliminarDefinitivamente, para mim e para Mário, Museologia e Poética não se desgrudam, prof! Fico feliz que a exposição te afetou de todo modo💙
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