Bilha Boi
Peça criada em 1954, por Vitorino Bertoldo Moreira, “Bilha Boi”, originária de Maragogipinho, Bahia, é a junção de um boi com uma bilha. Dentre suas características, encontra-se que sua parte superior assemelha-se a uma carranca e a um boi, e sua altura é similar a de um humano, pesando cerca de 80 Kg (kilogramas) e medindo 1,73 cm (um metro de setenta e três centímetros) de altura, e largura de 45 cm (centímetros).
Embora seu criador seja Vitorino Bertoldo Moreira, hoje esta peça de cerâmica é reproduzida por seu Taurino Silva, mas conhecido como “Zé das baianas”, artesão escolhido pela Unesco para representar a Bahia, em 2004, além de ser o criador da peça “A Baiana com Tabuleiro”, a qual faz parte do Museu do Folclore Edson Carneiro, no Rio de Janeiro.
Na entrevista realizada, pela discente Maria Fernanda Nery Santos, no dia 14 de Outubro de 2023, com seu Zé das baianas, pôde-se ter mais detalhes da produção desta peça, a qual foi escolhida pela discente devido a diferenciação para com sua altura, mas também devido sua semelhança com uma carranca. Dentre alguns detalhes, seu Zé das baianas contou que esta peça demora cerca de 30 dias para que fique totalmente pronta, havendo as seguintes etapas: a preparação da argila, formatação no torno, o qual é o mesmo há mais de 30 anos, até a etapa de secagem, para que, assim, a peça seja levada ao forno, recebendo, por fim, sua pintura, a qual é feita em tauá e tabatinga. Sendo importante ressaltar, que a peça não é colocada no forno antes de estar totalmente seca, para que não estoure, além disso, devido a seu tamanho vasto, ou seja por ter elevada quantidade de barro, demora muito para secar, sendo imprescindível esta etapa para melhor decoração da peça com a pintura. Observe nas imagens abaixo detalhes da peça:
De acordo com a Mesa Redonda de Santiago do Chile, ICOM, em 1992, um dos principais objetivos das peças que encontram-se em exposição nos museus é poder gerar identificação no público, uma vez que o objeto possui uma identidade e uma história até chegar a sua exposição, deste modo, a peça desta página, “Bilha Boi” deve representar, de algum modo sua população, sendo que mediante a realização da entrevista, seu Zé das baianas, nos confirma que por ter moradores criadores de gado em toda região, esta peça muitas vezes é comprada para simbolizar a fazenda destes.
Seu Zé também não deixou de ressaltar a importância de Jaguaripe para o artesanato de Maragogipinho e garante que os padres jesuítas incentivaram o desenvolvimento do artesanato na região. Prova disso, é mostrada por seu Zé ao guardar uma peça de cerâmica, pertencente aos jesuítas há mais de 450 anos.
Por fim, seu Taurino Silvo, o Zé das Baianas, relata com orgulho o reconhecimento que seu esforço e criatividade o levou a conquistar, havendo uma peça dessa decorando o Antigo Instituto Mauá. Ademais, são 55 anos esculpindo peças de barro, cuja sua primeira peça feita foi um prato que reproduz até hoje. No entanto, buscando sempre inovar e a utilizar sua criatividade, como diz seu Zé das baianas, criou peças como “A baiana com tabuleiro” e reproduziu peças como a “Bilha Boi”, ganhando prêmios de objeto do ano em 2022, pelo Museu A Casa, em São Paulo, além de ter recebido Menção Honrosa da Organização das Nações Unidas (ONU), no Festival de Artesanato dos Países da América Latina e Caribe, ganhando o prêmio Unesco durante o Encontro Internacional de Negócios de Artesanato, com a peça “A boneca de cerâmica”, peça originária da artesã Isabel Mendes da Cunha.
Além de ter o seu reconhecimento por meio grandes, prêmios e museus, representando, deste modo, a cerâmica de Maragogipinho, tradição na Bahia, seu Zé orgulha-se de ter recebido visitas na olaria de celebridades como Ivete Sangalo, em 2006 e Sidney Magal em 1992.
Gostaria de deixar sinceros agradecimentos a seu Zé das baianas, por toda atenção, carinho e respeito, especialmente pela concessão da postagem da entrevista e das fotos de sua peça.
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