Maragogipinho e a arte ancestral
Maragogipinho, distrito de Aratuípe na Bahia, tem na cerâmica um dos principais meios de subsistência. A prática artesanal dos oleiros mantém viva a tradição dos ceramistas, e, esse legado transforma o vilarejo em um lugar poético. Desde a praça principal até os becos, somos envolvidos por uma arte que é transmitida através das gerações. A herança de Maragogipinho transcende a tradição de converter matéria-prima em expressões artísticas. Este legado também se manifesta nos objetos produzidos, onde se vislumbram e interpretam processos formativos, traços identitários, influências históricas e a revitalização de saberes Afro-indígenas.
Na cerâmica, o processo ancestral:
terra, água, ar e fogo – o princípio de tudo. O toque paciente e a dança das
mãos dos oleiros fazem com que o barro se torne mais do que matéria; ele se
transforma em arte. O processo de transformar o barro em cerâmica é uma
alquimia de serenidade, habilidade e criatividade.
Dentro desse amplo espectro,
emergem duas categorias principais: a cerâmica utilitária e a cerâmica
decorativa. A cerâmica utilitária destaca-se pela sua relevância prática no dia
a dia. Engloba uma variedade de peças funcionais, como utensílios de cozinha,
vasos, potes e recipientes para armazenamento. Sua principal ênfase reside na
utilidade, na durabilidade e na ergonomia, buscando atender às necessidades
diárias. Por outro lado, a cerâmica decorativa transcende a mera
funcionalidade, priorizando a estética e a expressão artística. As peças
decorativas são elaboradas com foco na beleza visual, na inovação estilística e
na narrativa cultural. A criatividade e a expressão pessoal dão vida a esse
contexto.
Atualmente em Maragogipinho, ao caminharmos pelas ruas,
deparamo-nos com lojas e olarias onde é possível observar de perto o processo
em que os ceramistas moldam o barro, seja à mão (livre), moldagem ou no torno.
A cerâmica ensina sobre o tempo: o tempo de fazer e o de esperar secar, o tempo
de queimar e o de contemplar.
SIMÕES, Iaçanã Costa. A
cerâmica tradicional de Maragogipinho. 2016. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Belas Artes, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2016.
Graduanda em Museologia pela Universidade Federal da Bahia.
Esta exposição foi realizada durante o componente curricular Seminários Temáticos IV, ministrada pelo Professor Doutor José Cláudio Alves de Oliveira.
O texto revela o relato sem enquadramento específico, embora com nuances de documentação.
ResponderEliminar