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Breno Luiz - Maragogipinho: Um Distrito Ceramista





Produção de olaria:

Destina-se como olaria, a técnica utilizada na produção de objetos que utilizam o barro ou argila na fabricação de vasos. Primeiramente a argila será submetida ao procedimento de decantação, que consiste na separação de misturas heterogêneas com base na densidade e na imiscibilidade dos componentes da mistura, para que então seja levada ao maquinário, onde ganhará uma consistência e uma modelagem apropriada para a fabricação de vasos.

Destrinchando Maragogipinho:

O distrito de Maragogipinho é conhecido como o maior polo ceramista da América Latina, sendo a tradição passada de geração em geração. Ao caminhar pelas ruas de Maragogipinho pude perceber uma variedade no que tange o processo das olarias, com vasos e outros recipientes específicos à mostra.

O distrito de Maragogipinho, composto por 2.000 habitantes, é conhecido por ter como uma de suas atividades mais tradicionais a produção de cerâmica. A atividade milenar possui um histórico de mais de 3.000 anos e remonta à cultura indígena, haja vista o fato de que muitas crianças indígenas sempre possuíram brinquedos feitos de barro. A Feira de Caxixis, por exemplo, surgiu a partir das vendas bem sucedidas de um oleiro que navegou pelo Rio Jaguaripe e conseguiu comercializar toda a mercadoria que tinha a bordo: cerâmica. Ao caminhar pelas ruas da cidade pude notar como todo o entorno encontra-se próximo ao rio, ao mangue, uma vez que ele também contribui para as atividades rentáveis do município.




Notei também a pluralidade de olarias pelas ruas em que passamos, com peças e jarros multicoloridos e com os mais variados formatos. Existe algo muito vivo em todo este processo que remonta às raízes do município, relembrando também o tanto que a influência afro-indígena contribuiu para a manutenção de algumas práticas que sobrevivem até os dias de hoje em meio à cultura do distrito. As olarias, assim como a cerâmica e a pesca estão tão intrinsecamente ligadas à vida cotidiana que retirá-los de lá seria como retirar grande parte da essência da vida de Maragogipinho. Ademais, um ponto interessante de descoberta durante a viagem foi saber que agora em novembro, de 13 a 19/11, o distrito receberá pela primeira vez o Festival da Cerâmica, um evento cujo objetivo principal foca na preservação da cultura das olarias e dos artesãos de Maragogipinho, ou seja, uma festa que em seu âmago preserva a memória do lugar e suas raízes.

Logo, creio que o que ficou pra mim após essa viagem foi a questão identitária que se reverbera por todo o processo de manufatura proveniente das olarias. Após conversar com algumas pessoas pude ver o quanto muitas realmente dependem daquela atividade para se manter, e o quanto isso molda, direta ou indiretamente, suas vidas.









Uma reflexão sobre o fato museal:

Ademais, fiz uma relação direta entre a relação de subsistência da população de Maragogipinho e as olarias com o conceito de "fato museal" abordado por Waldisa Russo. De acordo com Russo, o fato museológico consiste, antes de mais nada, na relação entre o homem e o objeto, sendo este objeto parte integrante da vida do sujeito. Logo, analisando este conceito no que concerne às olarias, nota-se o quanto que o fato museal possui um forte caráter identitário em relação ao município em si, haja vista a importância que as olarias representam para a localidade em si, sendo parte integrante de seu processo histórico.


REFERÊNCIAS

Gomes, Carla Renata Antunes de Souza Do "fato museal" ao gesto museológico : uma reflexão I Carla Renata Antunes de Souza Gomes. 2013. 

MACHADO, R. C. V. Artesanato do barro. Pesquisa Escolar On-Line, Recife, [n.p.], 2007. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: 15 nov. 2023.


1 comentário:

  1. Enquadra a museologia e traz a síntese do seu olhar sobre o lugar num texto direto.

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