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Vagner Santos - "Maragogipinho: A tradição do saber cerâmico. O local onde todos fazem acontecer."




Maragogipinho é um distrito do município de Aratuípe, pertencente à região do Recôncavo baiano, conhecido por ser o maior polo de cerâmica artesanal da América Latina, com aproximadamente 150 olarias.

É dessa comunidade que saem as mais belas artes de cerâmicas que alimentam a famosa feira do caxixis, localizada no município de Nazaré das Farinhas, sendo uma das maiores exposições de cerâmica que acontecem a céu aberto na América Latina, tornando se um patrimônio histórico e cultural, além de ser um dos destinos mais procurados por pesquisadores que buscam estudar Cultura, Arte e Saberes populares. E foi justamente isso que fez com que um grupo de estudantes da UFBA (Universidade Federal Da Bahia) pertencentes ao componente de seminários temáticos IV saíssem de Salvador e passassem metade de um dia nesse lugar rico, acolhedor e cheio de saberes.



maragogipinho dia 14 de outubro de 2023 foto 1

Caminhando pelas ruas encantadoras de Maragogipinho e conversando com alguns  habitantes, pude perceber que a maior parte da população trabalhava e ajudava no processo de propagar a tradição, seja na produção, divulgação ou até mesmo no momento de vendas dos produtos produzidos, todos estavam sempre empenhados. Toda comunidade viva em prol da cerâmica, se tornando um negocio familiar.


De acordo, com alguns relatos que pude ouvir em conversas, algo nada aprofundado, mas que me chamou muito a minha atenção pelo fato de ter escutado mais de uma vez, é que apenas homens podiam escupir. Não conseguir ter uma explicação sobre o porque as mulheres não podiam criar. Mas conversando, e buscando entender melhor sobre o assunto, conseguir compreender de maneira bem superficial que os homens eram responsáveis por fazer as peças, as mulheres ficavam encarregadas de pintar e vender. Sendo assim, pude alimentar mais ainda a ideia que o fazer cerâmico era algo que passava por varias mãos, desde artesão ate a lojista, responsável  por criar toda uma narrativa para poder fazer com que os produtos produzidos pelas olarias pudessem ter um bom destino.


Loja da Taty foto 2

Peças frescas foto 3

Buscando entender a narrativa sobre o processo de produção, pude compreender que existe de maneira bem marcante no imaginário das pessoas ali presente o papel do homem e da mulher no cotidiano, algo que era expresso nas obras. Não vou deixar nada afirmado, mas de acordo com alguns relatos, junto às provocações promovidas por algumas obras, acredito que os trabalhos feitos são meios de expressar beleza, saberes e cultura popular, porém podem expressar  angústias, protestos, reflexões e problemáticas, sendo assim, presumo que algumas obras tem o objetivo de trazer  força e participação das mulheres em diferentes espaços. Sendo assim, achei necessário apresentar as seguintes fotos de uma das obras que me fizeram seguir por essa linha de pensamento.

 

 Obra de Maria bonita e Lampião de frente Foto 4

Nessa primeira imagem podemos ver traços bem feitos que demonstram o formato dos pés, onde conseguimos contar ate os dedos, vestimentas e assessórios, como armas e cintos, também podemos ver três diferentes cores que dão formas a obra. 

1 AZUL

2 BRANCO

3 MARROM   

 

Obra de cerâmica, Maria bonita e lampião de costa Foto 5

Nas costas podemos ver os acabamentos bem feitos, como a  finalização do chapéu de lampião, a delimitação da cintura e definições dos membros  

Obra de cerâmica, Maria bonita e lampião vista de cima Foto 6

Visto de cima podemos ver de maneria coesa os  detalhes dos chapéus, como os dois furos no chapéu de Maria bonita

Essas imagens são miniaturas de cerâmicas que representam Maria bonita e lampião, uma das peças que reforçam a ideia de participação das mulheres em diversos espaços, além da demonstração de  força da mulher. Vale ressaltar que Maria bonita foi a primeira mulher a se tornar cangaceira do bando de lampião. Concluindo, acredito que as obras de fato são formas de expressar ideias e posicionamentos.


  

 

 

REFERENCIAS:

https://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2023/07/maria-bonita-foi-primeira-mulher-cangaceira-do-bando-de-lampiao-mas-nao-tinha-privilegios.shtml 

 https://www.visiteobrasil.com.br/noticia/maragogipinho-considerado-o-maior-plo-de-cermica-para-artesanato-da-amrica-latina

https://www.ufrb.edu.br/proexc/noticias/1926-festival-da-ceramica-maragogipinho-ganha-lancamento-na-cidade-sede

 





 

 

1 comentário:

  1. O texto traz aspectos da documentação e da exposição do objeto cultural, mesmo que seja em síntese e com diminuta apresenção daquilo que focou em Maragogipinho.

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